O que LER neste período de quarentena? Confira as dicas das professores da Área de Português e Línguas
O que ler neste período de quarentena, tanto para aprender como para se divertir? Nos próximos dias iremos mostrar as dicas das professoras de Língua Portuguesa e de Idiomas. Vamos começar com os comentários da docente Maria Claudia:
Olá, estudantes e servidores do IFSP São Carlos!
Em tempos difíceis como os que estamos vivendo devido à pandemia de COVID-19, a literatura pode ser uma forma de traçar paralelos entre situações similares em contextos históricos diferentes, bem como ter o efeito de suporte emocional ou mesmo tornar-se uma distração produtiva em meio a tantas notícias desanimadoras.
Minha dica de leitura, levando em consideração a necessidade de ser um livro facilmente e gratuitamente encontrado na internet neste momento, é “Orgulho e Preconceito” (“Pride and Prejudice” no original), da autora inglesa Jane Austen (1775-1817).
Sou uma grande fã de Austen desde que estudei Literatura Inglesa na universidade. Além disso, creio que tal obra, mesmo publicada em 1813, pode ser bastante atual ao construir uma reflexão sobre primeiras impressões, preconceitos e opiniões baseadas em boatos ou julgamentos alheios, similar ao que acontece na era das redes sociais.
Por fim, mas não menos importante, o romance nos apresenta uma protagonista de personalidade forte vivendo em uma sociedade na qual as mulheres deveriam preocupar-se apenas em arrumar um bom casamento.
Para quem quiser treinar o inglês, é possível baixar o livro no Project Gutenberg, pois já caiu em domínio público: https://www.gutenberg.org/ebooks/1342.
Em português, é possível lê-lo gratuitamente aqui: https://www.livros-digitais.com/jane-austen/orgulho-e-preconceito/1.
A leitura é indicada para tod@s, do Ensino Médio à Pós-Graduação do nosso câmpus.
Boa leitura e cuidem-se!
Profa. Maria Claudia
Vamos conferir as dicas da Professora Aline?
Grande SerTão: Veredas de João Guimarães Rosa é uma das joias mais preciosas da literatura brasileira. Na história, Riobaldo, um ex-jagunço, narra suas aventuras pelo sertão brasileiro vivenciando os significados da vida e a construção de uma ambígua história de amor. Em uma narrativa cheia de poesia, figuras fantásticas que a todo o momento se contrastam com a dureza do sertão, Riobaldo consegue nos levar para aquelas verdades que vão além das questões regionais dos sertanejos; ele realmente nos leva para as verdades universais da vida.
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”
Cem anos de solidão de Grabiel García Márquez é um dos mais agraciados clássicos da literatura hispânica. Por meio de uma narrativa do chamado Realismo Fantástico, conhecemos a história da família Buendía e de seus atravessamentos neste mundo. Com uma complexa árvore genealógica, vamos conhecendo, por meio das sete gerações, as cíclicas vidas dos membros da família em uma representação alegórica dos problemas da América Latina.
“Os filhos herdam as loucuras dos pais.”
Capitães da Areia de Jorge Amado conta a história dos meninos de rua conhecidos por Capitães da Areia. Por meio da obra, vemos o dia a dia destes meninos na Bahia do início do século passado, mas que poderia ser perfeitamente o dia a dia de meninos de rua ou da favela do ano 2020. Por meio de uma leitura leve e dinâmica, conhecemos personagens que irão desencadear uma série de emoções no leitor e que tratarão de assuntos atuais sobre a nossa sociedade em várias esferas, inclusive quando eles abordam o surto de varíola de 1919 e como a sociedade tratou a epidemia na época. Em especial, este último item nos ajuda a traçar relações com nosso momento atual de pandemia global por causa do Covid-19 e nos faz refletir sobre os comportamentos cíclicos de nossa sociedade.
Dica: baixe o Google Play Livros e leia a obra pelo celular. O arquivo deve estar no formato “.epub”
“Olhou para o trapiche. Não era como um quadro sem moldura. Era como a moldura de inúmeros quadros. Como quadros de uma fita de cinema. Vidas de luta e de coragem. De miséria também.”
Americanah é uma obra de Chimamanda Ngori Adichie, uma escritora nigeriana contemporânea de bastante influência global nos dias de hoje. O enredo aborda as histórias de Ifemelu e Obinze, um casal que viveu um grande amor na adolescência, mas que por questões da vida e por dificuldades políticas, acabaram se distanciando e foram viver em países distintos. Ifemelu, agora uma blogueira famosa nos Estados Unidos, quer retornar à Nigéria para se reconectar com seu grande amor, mas será que eles ainda se reconhecem como um casal? A vida no exterior tem o poder de mexer com a identidade das pessoas. Com uma obra que trata questões de raça, identidade, cultura e amor, a autora consegue de forma fluida, divertida e atual refletir sobre assuntos como o apego à nação e as possibilidades na vida no exterior.
“Eu tinha lido que o Brasil é a meca das raças, mas, quando fui ao Rio, ninguém que estava nos restaurantes e hotéis caros se parecia comigo.”
Agora vamos conferir as dicas da professora Maria Lucia (Malu). Ela nos traz um gênero extremamente importante e belo que é a poesia:
Ana Cristina Cruz Cesar, Ana C. como ficou conhecida, nasceu em Copacabana, no Rio de Janeiro, no dia 22 de junho de 1952. Ana C. aparece na produção poética brasileira, como também a geração dos poetas dos anos 70 ganharam visibilidade no ano de 1976, com a publicação da obra 26 poetas Hoje, de Heloisa Buarque de Hollanda, uma antologia que apresenta os poemas de 26 representantes dessa que ficou conhecida como poesia marginal. Em 1979, Ana C. publica em produções independentes seus livros de poemas Cenas de abril e Correspondência Completa. Em 1980, obtém o título de Master of Arts sobre tradução literária do Conto Bliss, de Katherine Mansfield. Ainda em 1980, publica Literatura não é documento. 1981, Luvas de Pelica (poesia e prosa). Em 1982, publicou Aos teus pés, seu último livro – uma junção dos três acrescido de novos poemas. Ela atuou tanto na produção quanto na crítica literária e tradução.
Em 1983, o suicídio de Ana C. torna-se notícia nos jornais. A poeta salta do décimo terceiro andar de um edifício de Copacabana.
Há muitas divergências entre os críticos quanto à denominação de “poeta marginal” à Ana C., apesar dos pontos de contato: ser dessa geração, ter contato com os poetas da “geração do mimeógrafo”, de comungar de algumas ideias e apresentar traços semelhantes em seus poemas. A introdução de fatos do cotidiano, o uso da linguagem coloquial, o binômio arte/vida, são marcas da poesia marginal e também o são na poesia de Ana C.. Todavia, a poeta se apropria de uma questão que era a dos poetas de sua época (a exposição do eu, dos fatos vividos, defesa de uma literatura confessional) e transpõe para seu fazer poético de modo reflexivo e performático, transformando oque visto como uma “dicção geral” numa dicção autoral.
sete chaves
Vamos tomar chá das cinco e eu te conto minha grande história
passional, que guardo a sete chaves, e meu coração bate incompassado
entre gaufrettes. Conta mais essa história, me aconselhas
como um marechal-do-ar fazendo alegoria. Estou tocada
pelo fogo. Mais um Roman à clé?
Eu nem respondo. Não sou dama nem mulher moderna.
Nem te conheço.
Então:
E daqui que eu tiro versos, desta festa – com arbítrio silencioso
e origem que não confesso – como quem apaga seus pecados de
seda, seus três monumentos pátrios, e passa o ponto e as luvas.
CESAR, Ana Cristina Cruz. Poética. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Alguns links de sites com materiais e vídeos sobre a obra de ANA C e um documentário Bruta aventura em versos.
https://blogdoims.com.br/tag/ana-cristina-cesar/
https://www.youtube.com/watch?v=-QLZ0z7JLiA
Para começar a semana, com boas indicações, vamos conferir as dicas da professora Viviane!
Hoje, recomendo a leitura desse clássico do escritor indiano George Orwell, que também escreveu "A Revolução dos Bichos", outro livro que recomendo muitíssimo. George Orwell nasceu na Índia, mas é conhecido como um escritor britânico.
“Era um dia frio e luminoso de abril, e os relógios davam 13 horas.” Assim começa um dos romances mais citados do século 20. A história trata sobre as mazelas do totalitarismo, sobre política, comunismo, nazifascimo, tortura… algo que pode ser transposto perfeitamente para os dias atuais, e enriquecer muito nosso repertório artístico, social, histórico e cultural. Aliás, uma curiosidade: o nome do livro é 1984 e ele foi concluído em 1948. Sim, há uma inversão nos dois últimos dígitos! Seria isso apenas uma coincidência? ... Ah, uma outra curiosidade: a história de “1984” pode ter inspirado o nome do reality show “Big Brother”, que é o mais sinistro personagem do livro. Bora ler?
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